11º DIA

Baseado na época em que fiz faculdade de Odontologia e usando um pouco de humor, vou tentar reproduzir alguns dias na minha vida de acadêmico que foi de 1998 até 2001. Essa história se passa em janeiro de 2002, época da minha formatura. No final, uma foto das “Memórias de Acadêmico de Odonto”. 


– 2002 –

“Acordo em uma cama meio estranha, relembrando meu último dia na faculdade de odontologia. Fui fazer uma prova de exame de periodontia. E não era porque eu não gostava da matéria, mas uma das professoras de clínica pegava muito no meu pé. Eu fazia tudo direito, atendia os pacientes, passava a manhã raspando dentes e afiando curetas na pedra laranja, todo paramentado, inclusive com óculos de proteção – não queria que voasse um pedaço de cálculo no meu olho, como aconteceu com um colega de classe – e minha nota de clínica era sempre baixa. Só porque eu esquecia de comprar o babador que ela queria? Acabamos a prova e descemos as escadas quase que correndo. Fui para o Bar da Rô, do outro lado da rua, liguei para uns amigos que iriam passar lá para me pegar, pois iríamos para Peruíbe, curtir as férias. 

Depois de rever estes momentos, em frações de segundos, em minha cabeça, reconheço o antigo quarto dos meus avós, aqui em Passo Fundo, cidade do Rio Grande do Sul. Alguns segundos depois, saio à procura de um papel para escrever uma letra de música, estilo paródia que serviria para nossa formatura. Último evento junto com meus colegas de classe. Talvez eu nunca mais encontre algumas pessoas dessa sala pessoalmente. O sentimento crescente era de alívio, de início de vida, com um fundinho de tristeza, porque a faculdade havia terminado.

…………………..

“Nossa colação de grau. Um dia todo especial com familiares, amigos e aquela beca esquisita. Combinei com mais dois colegas, um deles o orador da turma, que tocaríamos a música paródia de “Tudo que Vai” do Capital Inicial. Naquele dia, mais cedo, meu colega orador me ajudou a “dar um tapa” na letra escrita em Passo Fundo, logo depois do Reveillon, deixando ela bem melhor. Imprimimos a letra para todos os colegas acompanharem e cantarem junto com a gente. (VEJA A MÚSICA AQUI)

Me sinto meio bobo nesta roupa, sem contar o calor que está fazendo aqui. Esses protocolos de quem vai entrar primeiro ou se vai ser em ordem alfabética, ou de tamanho, ou sei lá o quê estão me irritando um pouco. Esses bastidores de organização demorados são meio chatos e só penso em conseguir uma desculpa para dar uma fugidinha e fumar um cigarrinho. Tiro algumas fotos com meus colegas, com moderação, pois o filme permite apenas 36 fotos. Tenho que guardar algumas para tirar com meus pais e com minha avó e prima que vieram lá de Porto Alegre para o evento – colação e festa de gala. Bom, vamos entrar, cada um vai sentar em seu lugar e eu vou esperar a hora de cantar para toda essa galera. Glup.

Para mim, o momento em que cantamos a música passou em câmera lenta. Sinto o suor escorrer de leve na testa, começo com a voz um pouco trêmula, vou afinando, opa, agora está melhor. Um colega toca violão e outro pontua a batida usando um bongô. As pessoas começam a bater palmas ritmadas, um auditório lotado no colégio Salesiano, na Zona Norte de São Paulo. Deve ter mais de 600 pessoas aqui. Consigo achar meus pais no meio da multidão. Vislumbro o sorriso orgulhoso da minha mãe. Vasculho os rostos das pessoas por aprovação ou reprovação. Dou de cara com o Professor Marco Antônio Bottino sorrindo também, por baixo de seu bigode, sentado bem nas primeiras fileiras, pois um de seus sobrinhos também está se formando com a gente. Todos nossos colegas cantam em coro e ao terminarmos, a salva de palmas é indescritível.

O mestre de cerimônias estende a mão para pegar o microfone de volta das minhas mãos, mas nós três já havíamos combinado. O violão emite novos acordes, desta vez da música “Por Enquanto”, composta por Renato Russo, que está fazendo sucesso na voz da cantora Cássia Eller. Mais um momento que eu gostaria que durasse mais tempo. A letra fala de mudança e a volta para casa. Sinto um frio na barriga por pensar no que vem pela frente e o que realmente significava o fim da faculdade. Aqui, eu sou um dentista desempregado!”

Ao testemunhar meus colegas recebendo seus canudos, meu cérebro é povoado de lembranças bacanas, enquanto espero a minha vez. Quem foi minha dupla de clínica em cada matéria, os pacientes que atendemos, as dificuldades que tivemos, a vez que derrubei povidine na minha calça branca depois de uma cirurgia complicada, a primeira anestesia que apliquei em um paciente, uma pterigo em um paciente de 10 naos de idade, os preparos para amálgama, para resina, os canais tratados, os momentos no Bar da Rô, jogando fliperama (Trooooooooll!!!), esperando as aulas da tarde, as festas, as Interodontos e … O colega do meu lado se levanta. Fico esperando ouvir meu nome.

Caminho pelo tablado ao som de palmas e gritos, assim como meus colegas fizeram antes e farão depois de mim. Pego o canudo, cumprimento os professores da mesa, o Paraninfo Dr. Rodrigo Bueno, a diretor do curso, Dr. Tortamano, lembro do Dr. Marcelo estar lá também, nosso professor de prótese. Volto ao meu lugar, para que no final possamos jogar os capelos para cima, imitando milhões de formandos ao longo dos tempos. Agora pensar na festa!”

Veja um post do Dicas Odonto que fez a cobertura da colação de grau de outro aluno da UNIP, no ano de 2012 – AQUI

 MEMÓRIAS DE UM ACADÊMICO DE ODONTOLOGIA

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