Dentista não pode dar apenas “uma olhadinha”. Nem pode se dar ao luxo de avaliar apenas a condição dos dentes. Dentista cuida da boca por completo, isto é, dentes, bochecha, língua, céu da boca (palato), assoalho bucal, gengivas, lábios e mucosa em geral e a relação das doenças da boca com o resto do corpo e vice-versa. Sem contar a oclusão, harmonia facial, musculatura ao redor da boca e ATM (articulação têmporo-mandibular). Você, dentista, realiza o exame clínico odontológico completo?

Nos tempos atuais do orçamento grátis, da “olhadinha” e da pressa em atender pacientes de 15 em 15 minutos, o dentista que faz um exame físico e clínico odontológico nos padrões, se torna diferenciado. Temos que avaliar tudo. Achar uma alteração indolor em dorso de língua, por exemplo, pode fazer a diferença entre a vida e a morte do seu paciente. Prevenção é a chave do sucesso em saúde.

Quem aqui avalia perfil do paciente? Linha do sorriso? Sorriso baixo e sorriso alto? Mordida? Margem gengival? Por isso a gente bate tanto na tecla do famigerado orçamento grátis. Avaliar a boca demanda tempo e conhecimento. Para adquirir conhecimento, custa caro e “Time is money”! O dentista deve avaliar lábios, fundo de sulco, margem gengival, retrações, desgastes nos dentes que sinalizem um possível bruxismo, mesmo que seja leve, procurar por traumas de mordida ou alterações na mucosa das bochechas, pedir para o paciente colocar a língua para fora, ver dorso, freio lingual, assoalho, palpar a região, etc.

Vejam quanta coisa que o profissional pula por causa da falta de tempo ou de capricho. Outro ponto que acho importante é o dentista oferecer o tratamento completo ao paciente. Mostrar tudo o que precisa ser mexido, mesmo que o paciente não queira. Por exemplo: é muito comum recebermos um paciente com uma fratura em uma restauração. Aí o dentista só vê esse dente. Restaura. Cobra e tchau. Nem viu se o paciente tem dentes faltando, se a mordida dele está em ordem, se ele está escovando direito, etc. Deixou de oferecer um tratamento completo.

Se o paciente não quiser fazer, aí é problema dele, porém, ele deve ser avisado da condição geral da sua boca. Esse dentista que oferece soluções completas e gasta tempo vasculhando a boca de seus clientes com olho clínico, voltado para prevenção, é um profissional diferenciado. Ele vai ter retorno, com certeza e não vai precisar ficar de “mimimi” reclamando da profissão nas redes sociais ou nas conversas com os amigos.

Fazer um diagnóstico parece estar meio esquecido no tempo. “Você tem canal e limpeza pra fazer.” Vai fazer limpeza por quê? O paciente tem gengivite? Periodontite? Generalizada ou localizada? Você pediu um exame de radiografias periapicais de boca toda? Panorâmica? Tem que saber tudo isso. Como vamos avaliar o risco desse paciente? A frequência dos retornos? Ou você marca todo mundo de 6 em 6 meses e beleza? O mesmo deve ser feito com o risco de cárie, para ainda fazermos o uso racional do flúor.

São assuntos que fazem parte da base da odontologia, repetidos à exaustão na graduação. Infelizmente, são os procedimentos deixados de lado. Seja por falta de tempo, por preguiça, por esquecimento ou sei lá porque … Ainda é tempo! Vamos levantar o nível do nosso atendimento. Vamos nos dar o respeito. Vamos fazer valer o valor cobrado pelo nosso serviço. A mudança começa com atitude. E aí? A fim de ser um profissional diferenciado ou vai entrar no piloto automático?

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto

Luiz Rodolfo