“Waterlooo, Waterloo, I was defeated in Waterloo!” Não, não e não. Não vamos falar de uma música do grupo ABBA! O ano: 1815. Uma das maiores potências bélicas da época e um general que quase dominou a Europa inteira – Napoleão Bonaparte. Antes das 10 da noite do dia 18 de junho de 1815, o exército de Napoleão foi derrotado. Quem saiu ganhando? Os ingleses, os holandeses, os prussianos e os DENTISTAS. Como assim???

Se você não leu este post: O transplante dental, talvez seja melhor clicar sobre o link, pois as histórias se completam aqui. O uso de dentes humanos verdadeiros para confecção de próteses totais ou parciais (dentaduras) era comum na Europa nos séculos XVIII e XIX. As dentaduras feitas de marfim (de hipopótamo) ou de osso (de bovinos) duravam muito pouco, não fixavam direito, não serviam para comer com segurança, eram feias e deixavam as pessoas com bafos parecidos com o do capeta ao acordar. E outra: dentes humanos eram peças raras e caras que só a alta sociedade podia usufruir.

O manto negro da noite descia sobre o fatídico 18 de junho de 1815. Algumas sombras começaram a vagar pelo meio dos cadáveres em busca de armas, objetos de valor e … DENTES! Estima-se que 47.000 pessoas (ou mais) morreram nesta batalha. Vamos tomar como base a dentadura da foto abaixo, feita com dentes da batalha de Waterloo. Ela tem 14 dentes (6 superiores e 8 inferiores). Multiplicando 14 x 47.000 = são 658.000 mil dentes. 

Todos esses dentes fizeram o mercado de dentaduras explodir na Europa. Os dentes eram exportados por barris um tempo depois, pois a oferta era muito grande. Ainda assim, as peças eram caras demais para o cidadão comum comprar. Imagina aquela dondoca da alta sociedade britânica? Não era de praxe escovar os dentes, né? Como que a coitadinha iria arrumar marido com os lábios murchos e bochechas para dentro? (E hoje a galera procura procedimentos com a bichectomia para “murchar” a bochecha). Ela aparentaria mais velha e a galera tinha o costume de casar meio cedo nesta época. Se tivesse sorte e muita grana, ela poderia comprar uma bela dentadura com dentes de jovens mortos na batalha de Waterloo.

E vejam que curioso: como você poderia provar a procedência dos dentes usados em sua prótese, doutor, no século XIX? Por código de barras? Por nota fiscal? Tá doido??? Então, muitos dentistas (apesar de não admitirem isto) usavam dentes de cadáveres comuns, saqueados em cemitérios e garantiam que os dentes eram dos campos de batalha. “La garantia soy yo”!

Podemos ainda comentar sobre uma profissão em alta nesta época: os caçadores de dentes! Eles seguiam os exércitos e invadiam o campo de batalha assim que os vivos o deixavam. Muitos desses dentes devem ter sobrado e mesmo com a vinda da porcelana, muitos dentistas não quiseram parar de mexer com os dentes dos mortos. Tudo que é novo causa um pouco de desconfiança, né? “Imagina mexer com essa tal de porcelana, isso não vai dar nada…” – diria o dentista cabeça dura da época. Não podemos julgá-lo. Ele não tinha como saber!

Fonte: The Waterloo Teeth

Outro Blog fala do assunto: Metamorfose Digital

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto