O que você acha de vender alguns dos seus dentes para transplante? Você está aí, meio sem dinheiro, desempregado, na pior e pode ganhar um troco vendendo seu dente para o dentista colocar na boca de uma pessoa da alta sociedade. É óbvio que hoje em dia isso é um absurdo, com todo o conhecimento que temos. Porém, um dia foi uma realidade. Acreditam? (Agradeço ao meu amigo Bruno Grupe pela sugestão de postagem).

Esta ilustração de Thomas Rowlandson é de 1787 e mostra pessoas pobres vendendo seus dentes para serem transplantados em pessoas ricas. Tudo sendo sendo realizado no sofá da sala, sem o mínimo de limpeza. Vemos no centro da imagem o dentista removendo o dente de um pobre limpador de chaminé. Na porta os dizeres: Most money given for live teeth“Pagamos mais por dentes vivos” – o que nos faz pensar que dentes de cadáveres também eram aceitos neste consultório. (FONTE Site da British Dental Association)

O primeiro relato que envolve técnicas de transplante dental vem do século XI (segundo o site pesquisado). Desde esta longínqua data até o ano de 1953, século XX, se discutia a possibilidade de fazer transplantes dentários. A idéia sempre foi controversa, no campo da ética e na área de reparação tecidual. 

No passado, muitas das descobertas científicas eram empíricas. Os dentistas experimentavam novas técnicas em seus pacientes sem ter o mínimo do conhecimento que temos hoje. A bactéria só foi “descoberta” em 1683 e não vivíamos em um mundo globalizado. As descobertas científicas demoravam para firmarem seus conceitos ao redor do mundo. Alguns relatos mostram que dentistas escreviam à favor do uso de dentes de animais como doadores. Imaginem que coisa de louco! Tirar um dente de cachorro e colocar na sua boca. A técnica envolvia a retirada de tecido gengival junto com o dente. Justo do cachorro que tem um flora bacteriana bucal totalmente diferente da nossa. URGH! No fim das contas, não podemos culpar estes profissionais. Cada qual vive de acordo com a ciência de sua época.

A questão ética já era importante na época. É como se hoje fosse permitido vender um dos seus rins. Só que o negócio é: a grana falava mais alto. Os pobres eram muito pobres, uma total desgraceira. Alguns relatos mostram que pacientes receptores destes dentes humanos vivos apresentavam escorbuto e até infecções como sífilis. Muita gente também era contra os transplantes, inclusive o dentista do rei Jorge III escreveu contra o procedimento em 1768. 

Fomos salvos pela porcelana! O nome do homem é Giuseppangelo Fonzi, italiano que confeccionou o primeiro dente individual de porcelana, em 1808. Trinta e dois anos depois, os dentes de porcelana eram produzidos em grande escala. Aí chegou a hora de parar com essa história de pegar um dente de uma pessoa e colocar na outra, no velho estilo Dr. Frankstein.

Se você entende inglês, pode ver este vídeo sobre o assunto:

[youtube]VjekHxd24-4[/youtube]

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O Blog Odontostalgia menciona sobre o assunto aqui

Fonte: Tooth transplantation: a controversial story, escrito por Henry W. Noble.

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto

Luiz Rodolfo