Médico cobra consulta. Psicólogo cobra consulta. Fisioterapeuta cobra consulta. Advogado cobra consulta. O técnico que vem aqui em casa arrumar a geladeira cobra visita. O técnico da TV à cabo cobra visita. A cartomante que anuncia seus serviços em postes de rua cobra consulta. E por que cargas d´água, você cirurgião dentista não cobra consulta, raios?   

“Devolvo dente perdido, recupero sorriso e auto estima, acho buraco de cárie escondido entre os dentes, tiro dente sem dor.”

Dentista tem que trabalhar de graça? Claro que não. 

Para o paciente sentar ali naquela cadeira bonitinha, limpa, confortável, usufruir do ar condicionado na sala iluminada, usar o Wi Fi, o banheiro da recepção e tomar um café ou água tem um custo. O material precisa estar estéril, os imposto pagos, o salário dos funcionários registrados em dia, água, luz, internet, TV a cabo, telefone, aluguel, condomínio, seguro, conselho de classe, estacionamento, almoço, equipamento de proteção individual … ufa. E além de tudo isso tem o custo mais importante de todos: a sua avaliação odontológica. Seu olhar clínico. Sua habilidade de através de exames e informações identificar um problema de saúde bucal. 

“Mas é só uma olhadinha, doutor, vai cobrar?” A minha vontade é pegar a seringa tríplice e apertar os dois botões com gosto para dar “uma molhadinha” no paciente que já vem trucando assim com um monte de carta baixa na mão. Porém, temos que ser educados e explicar o valor agregado do nosso serviço como dentistas. Tem gente que não valoriza os dentes e não relaciona problemas bucais com saúde geral. Talvez isso seja até um erro o qual os dentistas têm uma parcela de culpa.

Olhar a boca, olhar exames, diagnosticar uma doença e bolar um plano de tratamento é uma das funções mais importantes do profissional da saúde bucal. E se não identificar a doença corretamente? E se comer bola porque olhou rapidinho? O tratamento proposto não terá o efeito desejado. Mexemos com saúde, apesar de um montante de postagens em redes sociais hoje em dia pareça mostrar que dentistas só fazem lentes de contato e procedimentos estéticos de harmonização facial. 

Cobre e agregue valor. A consulta inicial tem que ser mais longa. Converse, tire dúvidas sobre a anamnese preenchida. Fotografe. Radiografe. Peça exames complementares. Hoje os exames podem ser vistos diretamente no computador. Aí o paciente volta uma segunda vez para você entregar o plano de tratamento e conversar sobre valores e formas de pagamento. Você realmente tirou um tempo para diagnosticar e planejar. Fez isso com a maior quantidade de informações possível. A consulta é tudo isso.

Um colega uma vez recebeu um telefonema no consultório e o paciente perguntou se ele cobrava consulta. “O valor da consulta é R$ 50,00, ele respondeu” – tendo em mente que aquele seria um valor simbólico apenas, na difícil competição onde uma parte dos profissionais não cobra consulta. A paciente mudou o tom. Parecia que ao cobrar a consulta, o dentista havia ofendido toda família da pessoa ao telefone. Ela desligou depois de se indignar e o dentista ficou sem reação. É esse tipo de paciente que eu quero na minha clínica? Claro que não. Além de todos os valores que se pode dar para a consulta paga, ela seleciona. Eu acredito que essas pessoas que não valorizam façam parte de uma minoria da população.  

Valorize seu trabalho. Se você mesmo não valorizar, como os outros irão valorizar? Cobre consulta e exija que os convênios que deixam de pagar o item “consulta” paguem por este serviço. 

Um Abraço

Equipe Dicas Odonto