O caso aconteceu em Goiás. Uma fatalidade, um acidente ou negligência? Segundo a justiça boletim do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, todos têm culpa. O paciente de 8 anos estava usando aparelho extra-oral, também conhecido com “estribo” ou outros nomes pejorativos. Na tentativa de tirar o aparelho por estar sentindo muita dor de dente, o menino puxou o aparelho que acabou voltando contra seus olhos. Em um olho ele perdeu 100% da visão e no outro 80% da visão, deixando-o praticamente cego. Veja a notícia à seguir e algumas considerações:

Aparelho extra oral 3

Exemplos de aparelho extra oral – usados principalmente para distalizar o molar – levar o molar mais para trás da boca e ganhar espaço com isso

“Um menino deve receber indenização no valor de R$ 50 mil por danos morais e R$ 50 mil por danos estéticos por perder totalmente a visão do olho direito e 80% do esquerdo. Ele usava um aparelho ortodôntico extrabucal sem trava de segurança e, ao tentar retirar sozinho, se feriu gravemente. A condenação dos dentistas responsáveis pelo tratamento foi decidida, por unanimidade de votos, pela 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). O relator do processo foi o desembargador Olavo Junqueira de Andrade (foto). De acordo com a decisão, o garoto também terá direito à pensão vitalícia no valor de 75% do salário mínimo vigente. 

Na época do acidente, a criança tinha apenas oito anos, fator apontado pelo magistrado autor do voto como essencial para considerar o tipo de tratamento mais adequado. “Constata-se que, embora eficiente o tratamento dentário oferecido pelos réus, houve, indubitavelmente, negligência ao ignorar a tenra idade do paciente, acreditando que ele seria responsável e capaz pelo manuseio do aparelho, sem propiciar a utilização dos dispositivos de segurança existentes”.

Consta dos autos que o menino, ao sentir fortes dores, tentou retirar sozinho o aparelho. Segundo a perícia técnica, a culpa do acidente foi atribuída a todos os sujeitos do processo – à criança que manuseou de forma incorreta e aos dentistas. Contudo, para o desembargador, houve erro dos profissionais “ao captarem clientes sob o argumento de tratamento gratuito, fornecerem à criança aparelho dentário sem mecanismo de segurança, inclusive, não condizente com a faixa etária e discernimento do paciente”.

A notícia é muito triste e justiça não isentou os dentistas de culpa. Mesmo eles não estando presentes no momento do acidente. Mesmo se eles tivessem orientado o paciente corretamente. Sobre o aparelho não condizer com a faixa etária do paciente, isso é discutível do ponto de vista ortodôntico e odontológico. Alguns artigos científicos podem comprovar que o melhor momento de entrar com este aparelho não depende muito da idade cronológica e sim da idade óssea e da cronologia de erupção dos dentes. O aparelho é extremamente seguro se for retirado da maneira correta. Percebam que o ponto de vista da odontologia não vale muito quando o caso vai parar na justiça. 

Isso é mais um sinal para todos aqueles dentistas que ainda fazem orçamento grátis, anunciam aparelho grátis, documentação grátis e qualquer coisa de graça no intuito de angariar mais pacientes de maneira desleal e anti-ética. O dentista deve entender o tamanho da responsabilidade que é ter um paciente em tratamento. Seja para fazer uma simples obturação, uma extração de dente ou mesmo um tratamento com aparelho ortodôntico. O paciente sai do seu consultório com aquele aparelho, vai para casa, algo como isso acontece e você dentista AINDA é responsável por aquele paciente aos olhos da justiça. Pense nisso. Mais um motivo para cobrar, viabilizar mais tempo para as consultas e se proteger com toda a documentação necessária.

Agora deixo algumas perguntas para os ortodontistas e aos advogados: Como que esse acidente poderia ser evitado? Como se proteger deixando claro que o modo correto de tirar o aparelho foi explicado? Com documento assinado pelos pais ou responsáveis? Seria suficiente?

O Blog Vida de Dentista fala sobre isso – AQUI

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto