Vou contar uma curiosidade para vocês: A gengiva não é totalmente grudada nos dentes. Isso mesmo. Existe uma parte da gengiva que é inserida no nosso osso e fixa, servindo de proteção. Outra parte dela, aquela que fica próxima aos dentes é móvel. “Descola” e “cola” no dente de acordo com ações mecânicas da alimentação e dos aparatos que usamos para escovar nossos dentes. E ali, naquele espaço que as bactérias que causam doenças na boca gostam de ficar.

Afinal o que é esse tal “Espaço Biológico”? Por que tem esse nome? Justamente por ser algo que faz parte da biologia, é imutável e deve ser respeitado por todas as especialidades da odontologia e principalmente, ser limpo pelas pessoas em casa. Os melhores meios de acesso e limpeza desse local em casa são as cerdas da escova de dentes e o fio dental. 

Esse espaço é a “casa” de casquinhas de pipoca, grãos mastigados de feijão e pedacinhos de alface. O tamanho deste espaço? Em média 3 milímetros. Não sei se isso já aconteceu com vocês, mas sabe quando o dentista está colocando “uma pontinha arredondada” no espaço entre o dente e a gengiva? Ele está sondando seu sulco gengival (ou sua bolsa periodontal). A sonda entra neste espaço e os dentistas medem a distância da margem gengival até a crista óssea. Esse é o espaço biológico clínico, que saudável tem em média 3 milímetros. 

SULCO GENGIVAL –> Gengiva saudável, sem sangramento à sondagem;

BOLSA PERIODONTAL –> Gengiva que sangra à sondagem;

NOTA PARA OS DENTISTAS – Profundidade do sulco gengival: 0,69mm + Comprimento do epitélio juncional: 0,97mm +Comprimento da inserção conjuntiva: 1,07mm. Alguns autores na literatura não consideram a medida do sulco gengival, falando que o espaço biológico tem em média 2 mm – Esse é o chamado espaço biológico histológico)

Esse espaço é a principal linha de defesa contra bactérias patogênicas na região entre o dente e o osso. O osso é muito esperto e não se deixa infectar. Além de esperto, é covarde. Ao perceber toxinas que denotam presença de bactérias naquele local, ele começa a se desmineralizar e “fugir”. Assim acontece a perda óssea que caracteriza a doença periodontal, à grosso modo.

Uma dificuldade que aparece em alguns tratamentos é quando a cárie chega a atingir o dente muito perto desse espaço ou da crista óssea. Inclusive, dentes que fraturam abaixo da gengiva, seja por trauma ou por cárie. A resolução desses casos muitas vezes envolve uma cirurgia chamada de AUMENTO DE COROA CLÍNICA. O dentista “abaixa” a crista óssea para recriar o espaço biológico perdido. 

sondagem (1)

Caso o espaço biológico não seja respeitado, seja por restaurações ou por próteses, essa gengiva nunca vai deixar de inflamar e incomodar, podendo causar problemas futuros como retração gengival, dificuldade de higienização e exposição do metal da prótese ou de parte da raiz do dente. O Espaço biológico é uma região nobre que não pode ser invadida, a não ser que seja, eventualmente, pelas cerdas da escova e pelo fio dental para higienização do local.

SAIBA MAIS:

– CORREÇÃO DA INVASÃO DE ESPAÇO BIOLÓGICO EM REGIÃO ANTERIOR

Um abraço,

Equipe Dicas Odonto