Um problema de saúde pública silencioso que afeta quase 20 milhões de brasileiros, sem contar os que ainda não foram diagnosticados. O cirurgião dentista deve conhecer alguns aspectos sobre pacientes hipertensos para oferecer o melhor tratamento possível e evitar maiores danos.

hipertensão arterial

Popularmente conhecida como “Pressão Alta”, a Hipertensão Arterial é na maioria das vezes assintomática. Não causa dor ou febre. Não “toca os alarmes” do nosso corpo. Dessa maneira, muita gente nem sabe que tem pressão alta e não procura um médico para fazer um acompanhamento. Ela também não tem cura, porém existe o controle. Os hipertensos, geralmente, precisam tomar remédios para o resto da vida, além de controlar o sal na alimentação e fazer exercícios físicos regularmente. Pessoas hipertensas aumentam significativamente suas chances de infarto, acidentes vasculares cerebrais (derrames), problemas renais, entre outros. Ela em si não mata, mas aumenta muito as chances de problemas maiores e fatais aparecerem sem avisos prévios.

O paciente é considerado hipertenso quando sua pressão exceder o valor de 140/90 mm/Hg. Isso sempre medido com critério, por várias vezes e seguindo um protocolo que você pode ler AQUI. Hoje temos aparelhos simples e pequenos que podem aferir a pressão no pulso do paciente. Apesar de não serem extremamente fiéis como os convencionais, eles fazem a gente ganhar tempo no consultório odontológico. A pressão considerada comum é de 120/80 mm/Hg.

Sobre a anestesia odontológica, devemos conhecer o que alguns estudos mostram. Um paciente com a pressão arterial controlada por medicamentos pode ser tratado como um paciente que não possui a doença. O anestésico de eleição é a Prilocaína associada a Epinefrina na concentração de 1:100.000, usando-se no máximo 3 tubetes e evitando ao máximo fazer aplicação intra-vascular. É possível usar também a Felipressina como vasoconstritor, segundo alguns estudos. Se houver uma urgência e o paciente com a pressão descontrolada precise de anestesia, melhor usar anestésicos sem vasoconstritor, como a Mepivacaína a 3%. Claro que sempre é importante o contato com o médico, para que ele possa avaliar o paciente no caso de procedimentos cirúrgicos eletivos como extrações ou implantes. Cada caso deve ser analisado separadamente. 

O que acontece em alguns casos é que os anestésicos sem vasoconstritor não resolvem a dor em pulpites, por exemplo. Isso faz o paciente sentir dor durante o procedimento, induzindo ao estresse e gerando também um aumento da pressão arterial. O profissional deve conhecer os sais anestésicos e suas aplicações para melhor resolver essas complicações quando elas aparecerem.

Se o paciente apresentar pressão arterial maior que 180/110 mm/Hg, não se deve fazer nenhum procedimento odontológico. Deve-se encaminhar o paciente para a urgência médica para estabilização do quadro hipertensivo. 

As principais manifestações bucais dos pacientes que tomam anti-hipertensivos regularmente são a xerostomia (“boca seca”), sensação de gosto metálico, redução ou perda de paladar, algumas úlceras (aftas), glossite (inflamação ou infecção da língua), reações liquenóides (pápulas esbranquiçadas com ulceração e eritema – VER ARTIGO) e crescimento gengival.

E os medicamentos que prescrevemos? Eles podem interagir com a hipertensão e com os medicamentos que o paciente já toma. Devemos saber que os Anti-inflamatórios não esteróides devem ser evitados. A anamnese é de suma importância para sabemos quais os remédios que o paciente toma diariamente. Essa conversa deve ser feita na consulta inicial, anotada na ficha do paciente e revisitada anualmente, caso o médico do paciente mude suas medicações.

Quer saber mais? Acesse:

CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE HIPERTENSÃO

Veja uma revisão de literatura bem interessante:

Pacientes hipertensos e a anestesia na
Odontologia: devemos utilizar anestésicos locais
associados ou não com vasoconstritores?

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto