Um projeto de lei para a implantação do teste de proficiência na Odontologia tramita no Congresso Nacional desde de 2006. Ele já foi rejeitado algumas vezes. Os Advogados já estão acostumados com este exame e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acredita que as outras profissões deveriam aderir à prova. O exame da Ordem dos Advogados tem cerca de 70% de reprovação e nivela a profissão. Vai encarar essa, doutor?

Imagine que você, acadêmico de odontologia, tivesse que, além de se formar passando com todas as notas acima da média na faculdade, prestar uma prova de proficiência que vai  decidir se você está apto para exercer ou não a odontologia. Todo mundo sabe que com os estudantes de direito é assim. Quem passa na prova pode ser chamado de advogado. Quem não passa é bacharel em direito e não tem o número da Ordem para advogar. Será que isso vale para a odontologia? Por que uma prova dessas seria necessária?

A alegação dos defensores da prova de proficiência é que houve um grande número de vagas abertas nas universidades e faculdades (o números de cursos de odonto no país praticamente dobrou de 1996 a 2010) . O mercado está saturado em alguns estados, com mão de obra saindo pelo ladrão. É só reparar o número de consultórios dentários pelas ruas de São Paulo, por exemplo. Outro argumento é que alguns cursos não estão formando profissionais realmente aptos à exercer nossa profissão. Sem contar a recente diminuição da carga horária do curso de odontologia, deixando o aluno com menos tempo para se especializar na profissão.

Também tem muita gente contra a tal prova. Esses dizem que é papel do MEC fiscalizar a abertura de novos cursos de odontologia  e a eficiência dessas universidades e faculdades. Se elas estão em funcionamento é porque o MEC aprovou, portanto elas estão aptas à formar cirurgiões dentistas e ponto final. A prova de proficiência chega a ser capciosa, porque vai decidir em um ou dois dias (primeira e segunda fase) se você pode ser dentista ou não. A faculdade decide isso em 4 ou 5 anos. E outra: todos os dentistas terão que realizá-la ou apenas os que estão na faculdade?

O que dizem os conselhos e associações?

O CFO (Conselho Federal de Odontologia) é contra, segundo texto do seu siteO CROSP (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) se diz à favor da emenda. A ABO (Associação Brasileira de Odontologia) não aprova a obrigatoriedade do exame.

O fato é que a educação superior no Brasil é permeada pela desorganização e de difícil fiscalização. Na minha época de acadêmico, a minha universidade foi fiscalizada através do chamado “Provão”. Havia até um certo medo, colocado pelo reitor do curso, de que a nota do “Provão” viria estampada no nosso diploma. Uma manobra para que os alunos não fizessem a prova com má vontade. Depois veio o ENADE – outra forma de prova que serve para o MEC avaliar o curso universitário. Agora se fala em exame de proficiência … Uma bela bagunça que só sendo brasileiro para entender.

É fato que o ensino universitário no Brasil tem seus defeitos, mas aonde que a fiscalização deve ocorrer?  Durante a formação? Depois de formado? Com provas? Com análise das notas? Com fechamento de cursos? Hoje em dia, com cotas raciais, ou sociais, qualquer um (entenda-se “qualquer um” como uma pessoa que nem precisa ser avaliada para entrar no curso) entra na faculdade odontologia, não é? Em universidades públicas, a odonto está em baixa, com notas de corte baixíssimas na FUVEST de 2012, por exemplo. Será que o exame de proficiência não viria em uma boa hora para dar uma nivelada na profissão? Deixe sua opinião.

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto