É possível que você já tenha ouvido por aí que o implante foi “rejeitado” ou que houve “rejeição” do parafuso do implante. Nada disso. O nosso corpo não rejeita o titânio. Quando perdemos um implante a osseointegração – formação óssea intrincada com as espiras do implante – não acontece e o parafuso fica amolecido, sem fixação. Nestes casos, temos a falha do tratamento de implantes. Por que isso acontece?

A literatura varia nos números quando fala dos fracassos dos implantes dentários. Podemos encontrar estudos que falam em 4%, 5% ou até 10% de insucesso dos parafusos de implantes dentários. Sim. Estamos mexendo com biologia e ela não é 100% exata. Mesmo quando você faz tudo certo, usa o melhor sistema de implantes e instrumentais, toma todos os cuidados e opera com um cirurgião dentista treinado e capacitado, o osso pode não se integrar ao implante. Essa explicação precisa estar na ponta da língua do dentista na hora de orientar os pacientes no pré operatório. Tudo que é explicado antes é orientação, o que é explicado depois fica com cara de “desculpa”, não é?

Uma das chaves do sucesso está na seleção dos casos. Sim, você leu direito: seleção. Nem todo mundo está apto a fazer implantes dentários. O insucesso pode acontecer por falta de altura óssea, largura óssea, condições sistêmicas não controladas, uso de medicamentos que interferem na cicatrização, pacientes com hábitos nocivos como tabagistas, falta de travamento inicial do implante, boca não preparada adequadamente no pré-operatório, paciente que não respeita as orientações pós-operatórias, aquecimento ósseo na hora da fresagem, infecção do sítio cirúrgico, falta de irrigação óssea, entre outros motivos. Quanto mais a gente se distanciar do que temos como seguro na literatura, maiores serão as chances de insucesso. 

O mais indicado é termos um protocolo clínico – cada cirurgião pode adaptar o seu –  e consultas pré-operatórias mais longas e assertivas. O pedido de exames complementares como Tomografia Computadorizada e exames laboratoriais são de praxe já na prática odontológica. Operar apenas olhando a panorâmica é quase como operar no escuro. “Tigragem” como diria a gíria no mundo da saúde. Escreva esse protocolo como um passo a passo e se obrigue a segui-lo à risca. Ele pode ser um POP – Procedimento Operacional Padrão – e ser implantado na sua clínica ou consultório.

Tenha que em mente que o tratamento com implantes dentários vem sempre por último. Ele deve ser tratado como uma reabilitação protética (que por acaso tem uma cirurgia no meio do caminho). A boca precisa estar limpa, sem tártaro ou placa, sem focos de infecção, lesões, bolsas periodontais, cáries, dentes com buracos ou peças que facilitam o acúmulo de placa. Mesmo assim, quando houver perda de um implante, isso não é o fim do mundo. Vale a pena identificar a possível causa e repetir o procedimento em melhores condições, prestando atenção aos passos que possam ter sido pulados anteriormente.

Elucidar o paciente sobre isso é fundamental. Obrigatório. Se possível ainda por escrito, com esclarecimentos junto ao seu contrato de prestação de serviços. Vamos juntos buscar a excelência!

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto