Os conceitos sobre cárie vão evoluindo ao longo dos anos. Entender melhor um problema é a chave para poder resolvê-lo com mais eficiência. Converso com muita gente, leio muitos artigos dentro e fora da Internet e percebo que existe uma pequena confusão quando falamos de cárie. Vamos divagar um pouco sobre os conceitos e entender a melhor maneira de nos prevenirmos contra essa doença que ainda é a mais prevalente na boca.

Todo mundo nasce com as bactérias que causam cárie. Sim. Não tem jeito. Elas estão aí na sua boca neste exato momento em que você está lendo este texto. E estão com você desde sempre. Pesquisadores admitem que é impossível acabar com a cárie. A guerra contra as cáries é uma constante na humanidade.

Veja o dilema colocado pelo professor Ole Ferjerskov em uma publicação científica de 2004: A cárie, em um passado recente, era classificada como uma doença infecciosa e transmissível. Porém, se isso fosse verdade a melhor maneira de evitar a cárie seria através de vacinação ou com uso de medicamentos antimicrobianos. Antibióticos não conseguem evitar a cárie. O Biofilme dental (placa bacteriana) consegue “barrar” a entrada do antibiótico. Os melhores métodos conhecidos atualmente para desorganizar esse biofilme são os métodos mecânicos – escovação dental e uso de fio dental. 

Se as bactérias já estão aí na sua boca, qual seria o único vilão a ser combatido? Alguns autores são categóricos em dizer: O AÇÚCAR DA DIETA. As lesão de cárie só ocorrem na presença de açúcar, principalmente em pessoas que não tem seu consumo controlado. Sacarose na forma de doces, balas grudentas, bolachas de lanchinho, sucos adoçados, refrigerantes, açúcar colocado no leite da mamadeira, entre outros. Então como controlar e evitar a cárie? 

  • Escovando os dentes com regularidade, sempre 30 minutos após as refeições
  • Usando fio dental pelo menos 1 vez ao dia nos espaços entre todos os dentes
  • Restringindo o consumo de açúcar; Comer doces com menos frequência
  • Se você usar pasta de dentes com flúor, haverá um melhor controle da doença

Existem outros fatores que podem contribuir para o aparecimento de cáries? Claro! Fraturas dentárias, restaurações mal adaptadas, infiltrações em restaurações, retrações gengivais que expõe a dentina dental, diminuição do fluxo salivar e até aparelhos fixos. Por isso o cuidado com pacientes que usam aparelhos fixos precisa ser redobrado, principalmente com a dieta e com a higiene oral.  

Quando a gente fala em “doce”, o chocolate tende a ser o primeiro que aparece na cabeça das pessoas, mas ele é o menor dos males. Evite doces que grudam ou que deixam resíduos, principalmente no meio dos dentes, se comidos fora de hora e se eles não serão escovados nos 30 minutos seguintes. Sempre olhe os rótulos dos alimentos e sucos que você serve na sua casa. A maioria deles contém muito açúcar. E nada de culpar seus filhos pequenos pelas cáries em suas bocas. Quem alimenta seus filhos são vocês, papais e mamães. Não é para NEGAR doce, mas para acostumar a comê-los NA HORA CERTA.

Então, depois de ler este artigo responda às perguntas: Cárie “passa” pelo beijo? Cárie é transmissível da mãe ou do pai para o bebê? Se “pega” cárie ao dividir talheres? A resposta para todas estas perguntas: NÃO!  

Consulte sempre seu dentista para prevenção!

Leia mais sobre a cárie AQUI

Artigo baseado nos slides do Professor Jaime Cury, um dos maiores estudiosos da Cariologia do Brasil e do mundo.

Bibliografia: Sheiham A and James W, Journal Dent. Res. 2015;94:1341-7; Cury JA e Tenuta LMA, Braz Oral Res 2014;28 Spec Nº 1-7; Fejerskov O. 2004, Caries Res 38; 182-91; Marsh PD, Takahashi T, Nyvad B 2015 Biofilms in Caries development in: Fejerskov, Nyvad & Kidd. Cariology 2015.

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto