Os consumidores dos serviços de convênios odontológicos se fizeram ouvir. Houve um aumento de 22 % nas reclamações contra planos odontológicos nos primeiros 6 meses de 2012, em comparação ao 1º semestre de 2011. Será que já não passou da hora dessa realidade obtusa melhorar seus serviços aos pacientes?

Que fique bem claro que não são todas operadoras que desrespeitam o dentista. Existem planos bons que estão diminuindo a burocracia e fazendo maiores repasses aos dentistas. Você sabia que no ano de 2010 as operadoras de planos odontológicos faturaram R$ 1,6 bilhão? Sabe quanto deste valor foi repassado aos dentistas? R$ 627 milhões. Menos de 40%. É isso que você vale para essas empresas, doutor. Menos de 40% de seu faturamento*. Alguns poucos convênios repassam quase 60%. Nessa hora que vale à pena pesquisar e separar o joio do trigo na hora de pensar em se credenciar em convênios.

Mais uma vez quero frisar: nós dentistas não somos contra o lucro. Somos contra a falta de equilíbrio neste mercado. As empresas faturam demais e os dentistas de menos. Quem sofre com isso? O paciente. O problema foi detectado pelos órgãos de fiscalização e chegou na grande mídia. Problema que os dentistas estão cantando a bola há algum tempo. 

Pensando, então, na tríade: Operadoras de convênio, dentistas e pacientes, deixo abaixo algumas sugestões que poderiam amenizar este problema. Algumas podem ser de longo prazo e outras até utópicas, mas está na hora desse mercado se regulamentar e trabalhar em conjunto para o bem do paciente. Gostaria de pedir aos colegas que adicionem suas opiniões, ideias e experiências aos comentários, assim deixando esta postagem muito mais completa.

1) Operadoras de Planos de Saúde Odontológicos:

– Aumentar o preço oferecido pelo convênio. 

Vemos por aí, muitos planos serem vendidos a valores irrisórios ou ainda dado de graça junto com planos médicos. São valores de R$ 15,00, R$ 18,00, R$ 20,00 por um convênio, por mês. Preços mais baixos do que se paga em uma hora de estacionamento em qualquer lugar de São Paulo. Alguma pesquisa de mercado dessas empresas deve ter mostrado que esse é o valor que as pessoas pagariam por uma assistência odontológica. Essa mixaria não dá conta. Odontologia custa caro. Todo mundo sabe disso. Esse preço precisa ser revisto.

– Revisão dos contratos

As pessoas não têm o costume de ler contratos. Elas confiam na palavra do corretor. O corretor deveria ser ético e vender seu peixe explicando corretamente os termos do contrato. Muitas vezes, não é isso que acontece. As letras miúdas descrevem os procedimentos que não são cobertos, por exemplo. Os contratos são longos, chatos, complicados e não equilibram deveres do contratado e contratante. Digo isso nas duas vertentes: nos contratos com os dentistas e nos contratos com os pacientes. 

– Diminuir as glosas

As empresas juram de pé junto que o auditor não tem uma cota de glosas. A glosa acontece quando a operadora de convênios entende que o procedimento não foi executado corretamente pelo dentista. Em alguns casos, qualquer coisa é motivo de glosa. Algumas clínicas trabalham com uma porcentagem de 15 ou 20 % de glosa. Isso significa que 15 a 20 % do dinheiro produzido pelo seu trabalho já realizado no paciente não é pago. Aí existe toda uma burocracia para o dentista reclamar pelas glosas. Um absurdo. 

Aumentar o valor repassado aos dentistas – Aumentar os valores das tabelas

Você já viu pelo Facebook, ou pela Internet, valores que são praticados nestas tabelas. Um convênio aí paga menos que um saquinho de pipoca por uma radiografia. Poxa, radiografia não pode ser calculada apenas pelo preço do filme. Existe uma aparelho de raio X, que emite radiação, custa caro e exige manutenção periódica. Outro exemplo: um plano que diz que paga bem, paga R$ 10,00 por consulta inicial. Acham o bastante, os “dérreal”?

2) Dentistas

 Ler o contrato de credenciamento

Não adianta se credenciar e depois ficar chorando pitangas. Leia e releia o contrato. Analise as condições, negocie o valor do multiplicador. Veja se realmente vale à pena. 

 Se valorize

Tem certeza que se credenciar em um convênio é a solução de todos os seus problemas? Lembre-se que você vai atender mais gente em menos tempo. Lembre-se do seu desgaste físico ao longo dos anos. Muita gente esquece da dor nas costas, da visão, da exposição aos patógenos bucais, do aumento da responsabilidade e etc. O aumento desses riscos justifica o valor que você vai receber no final? 

Reveja sua tabela particular; Faça parcerias

Se existe algum procedimento em sua tabela que pode custar um pouco menos, porque não fazer um desconto maior ainda e se tornar mais competitivo? Fazer parcerias com comércios e empresas próximas ao consultório também é uma boa e não tem nenhum atravessador nesta tática – a parceria é direta entre sua clínica e os funcionários. Investir em marketing e usar e abusar das redes sociais é outra saída para atrair pacientes sem ter que se render aos convênios.

3) Pacientes 

Leia o contrato, questione, tenha o pé no chão

Na reportagem abaixo você vai ver uma paciente contando sua experiência com planos odontológicos. Não aceite plano de graça. Duvide de planos muito baratos e de corretores que dizem que o plano cobre de tudo. Você acha que pagando R$ 20,00 por mês vai ter cobertura total em odontologia? Desconfie e leia as letras pequeninas do contrato antes de assinar.

Faça a conta

Você precisa de convênio odontológico mesmo? Vai usar? Leia este outro post AQUI e veja se vale mesmo à pena.

Veja a reportagem de hoje, dia 13/08/2012, do Jornal da Gazeta sobre o aumento das reclamações contra os planos de saúde odontológico. Vamos mudar antes que queime mais ainda o filme da odontologia, né?

[youtube]vC6ZZ1SPX7Y[/youtube]

*segundo reportagem do Jornal da Tarde, neste LINK

Além de tudo isso, deixo para vocês a opinião de um colega, Dr. Vicente Mauro Neto, dada através do Facebook que reflete o pensamento de uma boa parte dos dentistas:

“CUIDADO!!! CONVÊNIO ODONTOLÓGICO VICIA!!! Pode criar hábitos nocivos de atendimento LEVANDO a uma forma desqualificada de trabalho por força de redução de tempo de atendimento e condicionamento imposto por tabelas de preços aviltantes. Oriente seus colegas, pois o atendimento de convênio causa dependencia crônica. O dentista sempre pensará que será impossível largá-lo. São verdadeiros traficantes de pacientes que através de uma reserva de mercado impõe a nós dentistas a sua forma de trabalho. Os traficantes começam a oferecer o serviço para os jovens recém formados das faculdades de odonto e vão aos poucos envolvendo alguns colegas mais renomados na droga. Algumas radiologias, trambiclinicas e clínicas ortodonticas tornaram-se um caso perdido. A princípio ela causa um sintoma que está tudo bem e resolvido. Mesmo por que há uma tendência em dizer que todos ficarão viciados mais cedo ou mais tarde. Quando o vício toma conta, você perde a capacidade de fazer contas e perceberá que necessitará de uma hiperatividade para proporcionar o mesmo resultado que tinha antes. Aos poucos perderá a capacidade financeira, não conseguindo por vezes dar a seu filho a formação que você teve. Lembrando que muitos em função dessas circunstâncias evitariam que seus filhos fizessem odonto pelo risco da droga. Como no filme TROPA DE ELITE, existe uma trama envolvida na questão com a participação de agências, políticos, bancos, seguros, sindicatos . É uma força organizada que precisa ser combatida com vigor. COLEGAS, LIVREM-SE DAS DROGAS… DESCREDENCIE-SE”

Um Abraço,